Seleção nacional que futuro ? - Sugestão do leitor
O Futuro do Futebol em São Tomé e Príncipe: Entre Sonhos, Desafios e Potencial Esquecido
O futebol em São Tomé e Príncipe vive um momento de indefinição entre a esperança e a estagnação. O país, com uma população reduzida e recursos limitados, enfrenta dificuldades históricas na formação de atletas e na estruturação de um sistema desportivo sustentável. No entanto, o amor pelo futebol continua vivo, pulsando nos bairros, nas escolas e nos campos improvisados onde jovens sonham vestir a camisola verde e amarela da seleção nacional. O futuro do futebol santomense dependerá, sobretudo, da capacidade do país de transformar esse entusiasmo em um projeto sólido e profissional.
Um dos principais obstáculos é a ausência de infraestruturas adequadas. Muitos clubes ainda treinam em campos de terra batida, sem iluminação nem material de treino. A falta de investimento estatal e privado impede o desenvolvimento de academias que possam formar jogadores desde a base. Ainda assim, o talento natural dos jovens santomenses é inegável. Diversos atletas têm se destacado em torneios locais e até em ligas estrangeiras, mostrando que o país tem potencial humano para competir de forma mais digna no cenário africano.
Nos últimos anos, a Federação Santomense de Futebol tem tentado reestruturar as competições nacionais, promovendo a liga nacional. No entanto, os resultados ainda são tímidos. A seleção nacional, conhecida como “Falções e Papagaios”, enfrenta grandes dificuldades nas eliminatórias africanas, mas começa a apresentar uma nova geração promissora de jogadores, tanto locais quanto da diáspora.
Contudo, o aproveitamento dessa nova geração exige visão estratégica. É preciso criar um sistema de prospeção eficaz que identifique talentos dentro e fora do país. Além disso, a federação deve investir em técnicos qualificados, intercâmbios com academias africanas e europeias, e programas de formação de treinadores. O futebol moderno exige organização, ciência e planeamento — três pilares que ainda precisam ser consolidados em São Tomé e Príncipe.
Outro ponto crucial é a valorização do futebol feminino, que tem sido negligenciado. As mulheres santomenses também demonstram talento e paixão pelo desporto, mas carecem de apoio institucional. O futuro do futebol nacional será incompleto se continuar a excluir metade da sua população das oportunidades de desenvolvimento.
Em síntese, o futebol em São Tomé e Príncipe vive um momento decisivo. Se o país continuar a depender apenas da boa vontade de atletas e dirigentes isolados, o futuro permanecerá incerto. No entanto, se houver um compromisso real do Estado, da federação e da sociedade civil em investir na base, criar infraestruturas e valorizar o talento local e da diáspora, os “Falções e Papagaios” poderão, enfim, voar mais alto. O futuro não está apenas nos pés dos jogadores, mas na visão e coragem de quem acredita que o futebol pode ser um instrumento de identidade e desenvolvimento nacional.

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