domingo, 26 de julho de 2020

Espaço Entrevista - Buly Afonso

Esta semana temos no Espaço Entrevista da Visão Desportiva STP o nosso campeão africano da canoagem Buly Afonso.


Visão Desportiva STP (VDSTP) -Boa tarde, antes de mais obrigado pela entrevista, uma pergunta que grande parte dos nossos seguidores fazem, como começou a prática da canoagem?  
Buly Afonso (BA) - Eu é que agradeço pela oportunidade, o meu primeiro contacto com a canoagem foi na praia Emília quando a canoagem estava praticamente a começar em São Tomé e fui tentar participar, vendo como é que se fazia, depois de algum tempo quando STP conquistou algumas medalhas, vi Adilson Monteiro e outros treinadores a darem entrevistas falei com ele para começar a praticar como eu gosto de desporto ele aceitou, disse que podia e foi assim que comecei, ele foi ensinando-me pouco a pouco e assim fui evoluindo.

VDSTP - Há quanto tempo é que está na canoagem?
BA - Desde 2008 mas depois de algum tempo parei devido a escola família etc.. mas um dos meus companheiros Alcino Gomes, que é um dos grandes nomes da canoagem em STP, certo dia encontrou-me e aconselhou-me a voltar,  visto que era uma das promessas da canoagem e que não podia desistir. Em 2011, quando já estava a treinar com Ramuel dos Ramos, foi o meu primeiro campeonato na Tunísia, onde consegui a minha primeira medalha em conjunto Altamiro Ceita (fizemos uma dupla) de bronze em 1000 metros e de prata em 200 metros.



VDSTP -Faz-nos um pequeno resumo da carreira desportiva até agora? Prémios, vitórias lugares de destaque etc?
BANa Tunísia foi onde tudo começou em termos de medalhas, na África do Sul na qualificação para os jogos Olímpicos de 2016 vi o meu objectivo cumprido depois de tanto esforço (ter de deixar a família, amigos o país) vi o meu esforço recompensado com essa qualificação para além de ter conseguido mais duas medalhas mas maior feito até agora foi a conquista com Roque dos Ramos da medalha de ouro nos jogos africanos em 2019 que nos deu a qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 que foram adiados devido a pandemia.

VDSTP - Como é esta a ser essa preparação para os jogos olímpicos? Pelo que sabemos estão a treinar em Espanha, como é que está ser preparação debaixo desse tempo bastante quente?
BA -Com essa pandemia, fazemos o máximo para não ficarmos parados, continuando a treinar, independentemente do calor, normalmente uma vez por dia e alguns dias duas sessões uma de manhã e outra a tarde. A pandemia atrasou-nos um pouco visto que estávamos a apontar o nosso pico de forma para os jogos olímpicos e de repente tivemos que parar tudo mas estamos a voltar aos poucos.

VDSTP - Nos jogos Olímpicos vai participar em C2 (dupla) e C1 (individual) quais são os objectivos, em C2 no último mundial ficaram nos 16 melhores?
BA -Tentar fazer o melhor possível, para C1 é tentar fazer a melhor marca algo bom, para C2 nós temos um objectivo de tentar um pouco mais além entrar na final B (entre 8 -16 melhores) ou final A (os melhores 8) não é fácil mas é o nosso objectivo. Nós desportistas temos que tentar sempre mais longe embora não sendo fácil e fazer algo bom e inesperado, mesmo sabendo que os nossos adversários treinam 8, 9 ou 10 anos para esse momento enquanto nós só saímos de STP há 2 anos para treinar.


VDSTP - Na canoagem estás no topo, consegues indicar algum jovem valor na canoagem santomense?
BA -Existem vários atletas capazes de representar o país tanto no feminino como no masculino, tivemos dois jovens que estiveram em Marrocos nos jogos africanos, o Alex e o Edmilson que surpreenderam-me pela sua forma, com mais concentração podiam ter chegado as medalhas, fizeram uma boa prestação mas ficaram em quarto logo primeira prova internacional.


VDSTP - O comité olímpico tem feito um trabalho fantástico não só com a canoagem mas também com outras modalidades trazendo os atletas para competir num nível mais elevado, tirando-os de São Tomé e colocando em outros países como é o vosso caso. Se tivessem em São Tomé e Príncipe não teriam esta evolução, depois do projecto olímpico terminar vai ficar na Europa a treinar ou volta para São Tomé e Príncipe?  
BA -Nós ainda não sabemos, mas existem as duas hipóteses temos um projecto em vistas mas vamos ver o que vai acontecer. O que posso dizer é que depois do jogos olímpicos do Rio 2016 voltei para São Tomé e fiquei dois anos parado, situação que dificultou voltarmos ao topo de forma quando seria mais fácil se continuássemos a treinar de forma consistente. De momento não sabemos nada ao certo, vamos ver o que vai decorrer ao longo do tempo.


VDSTP- O que falta para São Tomé e Príncipe ter mais atletas de topo nos jogos olímpicos visto que nesses jogos vamos ter 6 ou 7 atletas no máximo, apesar do país ser pequeno em vez de 6 ou 7 podíamos ter uns 11 ou 12 atletas no comitiva olímpica?  
BA - Apesar do país ser pequeno podíamos ter mais atletas, mais pessoas até porque somos um país jovem, no meu ponto de vista em São Tomé e Príncipe todos gostam de desporto e o que falta é apostar mais no desporto seja qual for a modalidade, chamar a atenção das pessoas, da população, para termos mais atletas também é preciso mais competições nacionais em todas as modalidades durante o ano ou em grande parte do ano isso chamaria a atenção da população para a prática dessas modalidades até porque nós santomenses temos muita capacidade para competir, de forma geral faltam mais campeonatos mais actividades desportivas para chamar a atenção das pessoas para a prática do desporto no geral.


Muito obrigado pela entrevista e muitos sucessos.

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