O nosso primeiro convidado no
espaço entrevista do Visão Desportiva STP é Jucélio Jorgino o agora ex jogador internacional santomense com
passagens por clubes como Tondela (Portugal), Sofia Farmer FC (Irlanda do
Norte), Eléctrico PDS (Portugal) entre outros.
Visão Desportiva STP (VDSTP) – Boa noite e muito obrigado por ter aceite o nosso convite para começar como desportista no geral e ex-futebolista em particular como analisa o estado do desporto em STP no geral e do futebol em particular?
Jucélio Jorgino (JJ)-Antes de mais boa noite e muito obrigado pela entrevista.
Eu penso que para responder a essa pergunta basta olharmos para o estado do nosso país actualmente, de pernas para o ar, mesmo estando longe, consigo e faço questão de acompanhar de perto a situação de São Tomé e Príncipe e a verdade é que num lugar onde ainda se luta pelo saneamento básico e energia de qualidade, o Desporto fica para 2º ou 3º plano. Existem outras prioridades mas sou da opinião de que se deve, sempre que haja possibilidade, investir nessa área. Quanto ao futebol em si ainda está pouco desenvolvido, temos bons jogadores, muita qualidade dentro e fora do país, mas faltam as condições, os meios para potenciar essa qualidade individual. Não existem campos de futebol em condições, os materiais são poucos ou inexistentes, o nível dos treinadores é fraco e acima de tudo, o interesse político é nulo...poderia falar de muita coisa que vi e vivi em primeira pessoa, mas deixo isso para mim ou talvez para uma próxima vez. Prefiro dizer que temos de começar do zero! Pegar o exemplo de Madagáscar, uma selecção que em nada é superior à nossa em termos de qualidade individual, mas que com o trabalho de bastidores que tem vindo a ser feito e bem, está agora a colher frutos.
VDSTP - O que pode ser feito para melhorar
o nível do desporto em STP?
JJ - Para
melhorar o nível do desporto em São Tomé e Príncipe o nível de vida do
próprio país deve melhorar, feito isso, acredito que é tudo uma questão de
interesse e de organização. A meu ver tem de haver uma reestruturação no
Desporto e consequentemente no futebol, certas coisas que eu presenciei são
inadmissíveis, existe uma tremenda falta de organização e falta de interesse.
Pessoas que estão mais preocupadas com o seu "eu", do que no bem do
futebol e do país não deviam estar em certos cargos e infelizmente isso
acontece muito em São Tomé e Príncipe. Para fechar, precisamos de pessoas
qualificadas, penso que também é isso.
VDSTP - Como comenta o facto da selecção
santomense ter sido eliminada do CHAN 2020 por falta de comparência?
JJ - Sinceramente
eu nem quis acreditar, tanto que comentei o sucedido com o Aldair [ndr. jogador
da selecção nacional]. Num país organizado este tipo de coisas não acontecem e
eu só tenho a perguntar para onde vai o dinheiro da FIFA?
VDSTP - No teu ponto de vista quais são as
hipóteses de STP nos jogos que se aproximam contra a Guiné-Bissau e contras as
ilhas Maurícias?
JJ - Depois
de ter pendurado as botas (risos) tenho andado mais afastado da selecção, mas
depois de uma falta de comparência é difícil prever o que vem ai mas na máxima
força, se os dirigentes fizerem por isso e derem as boas condições aos nossos
atletas eles são capazes de surpreender. Acredito cegamente nisso.
VDSTP - Conhecendo o grupo de habituais
convocados para a selecção nacional Gilson Costa (GD Estoril Praia) e Aylton Boa Morte (Portimonense SC) seriam
boas adições ao grupo ?
JJ - Sem duvida! São
jogadores talentosos que vêm se destacando nos seus clubes em Portugal, seriam
mais dois jogadores que sei que iam acrescentar qualidade aos que lá estão. Mas
lá está, não podemos cair no erro e pensar que só depende dos jogadores, o
trabalho de bastidor é muito importante, tal como o entrosamento dos jogadores.
Chegar e jogar nunca deu bons resultados.
VDSTP - Num futuro próximo qual é o máximo que a selecção nacional pode
atingir numa competição internacional?
JJ - Num futuro, próximo ou não, e se é que
pode servir de ponto de referência sei que podemos fazer ainda melhor que
Madagáscar, o segredo é a organização.
VDSTP - Qual é o momento mais marcante
para ti na tua carreira ao serviço da selecção nacional?
JJ - Eu
não escondo que foi um sonho tornado realidade e apesar de só terem sido por 2
vezes, não há palavras para descrever o sentimento, a alegria mas ao mesmo
tempo a responsabilidade que é representar toda uma nação. Cada momento em si
só foi especial, mas ter sido titular em Rabat contra Marrocos foi sem dúvida O
MOMENTO, porque tinha a minha mãe e o meu irmão mais novo a verem o meu jogo na
televisão. Pouco depois, devido a várias situações, deixei o futebol, mas por o
meu irmão me ter visto na televisão saí com a sensação de dever cumprido. E
vocês ainda vão ouvir falar do meu irmão (risos).
VDSTP - Para
finalizarmos a entrevista aceitaria a breve prazo algum cargo dirigente na
estrutura dirigente do futebol nacional?
JJ - Toda a gente que me conhece e lida
comigo sabe da ligação que tenho com África e com o meu país, era algo que
aceitaria naturalmente e de bom agrado. Ciente de que existe muito trabalho a
fazer mas com vontade, organização e com as pessoas certas tudo se consegue.
Sem comentários:
Enviar um comentário